-Achacha
y!
Caramba!
Apo ado contra urna árvore, um Indio
pOs-se: a vomitar. CaJu e entrou em coo–
vuls6es:
o
~oriJche
11). E os outros, tam–
bém depreesa come1taram a vomitar.
CaJam e
e~torciam-se
no
chao
como por
escároio
1
Os camponeses rodearam-nos
com as suas Jamentac;Oes inúteis.
Mais abaixo, ao fundo duma ravina,
n~
meio de silvas, loram encontrados mor–
tos tres Indios.
As pernas dobradas, as mios crispa–
das sobre a barriga e um sorriso de
esgar nos lábios, estavam ainda abaixa–
dos
nA
lama.
- Olha, dir-se-iam avezinhas martas,
agarradas a um ramo,
André, Cunsbi e o guagua passaram a
noite debaixo de um rochedo, mas esta–
vam cercados por urna enorme toalha de
!gua, que se formara
(1.
entr11da da cabana.
O
guagua,
de
gatas, chapinhava com a
máo no espelbo das Aguas, onde se reflec–
tia o ceu.
Finalmente um sol parcimonioso apa–
receu.
Quando Do
m
Afonsito, o engenhciro e
o cura, que tinha dormido na a!Jeia, tive·
ram conhecimento dus estragos,DAotive–
ram seDiio
a
preocupao;ii.o de evitar urna
debandada.
-Felizmente foram os Indios os que
mais sofreram. Certamente que estarla-.
mos em maus
leo~Ois
se um ct.estes cam–
poneses tivesse morrido!
E'
verdadd·
ramente urna s.orte que náo tenham sido
senáo Indios, comentou o cura.
-Si
m,
mas os nossos homens estáo
fati~ados
e toda a sua bela coragem
desapareceu, afirmou o engenheiro.
- txac-to. Nao se trata
port~onto
senii.o
de descobrir o meio de !hes restitu'ir a
coragem.
E'
que o trabalho mais duro
alnda mio come'<ou: a drenagem do pAn·
tano.
U
m trabalho de mais de dois qui–
lómetros. Ate o proprietário pareceu por
instantes desencorajado. Mas ao lcm–
brar-se da grande figura do tio j l'ilio e
~~~rrfu~~~~=~tid~! n~~s d~1~ezr~
5
pi~~!:~~
retomou a coragem.
- N
!o
é
posslvel recuar. Que diriam
em Quilo?- gritou ele.
E
lao~uu-se
acto
continuo 'numa improvisa'<Ao pomposa:
-A
Sociedade.• , A Pátria..•
A
His–
lória., . A nossa moral Cristá .•• Cada
urna das palavras que, em todos os tem–
pos serviram de sustentáculo as grandes
fon;as, nao foram omitidas.
E,
bru~ca·
mente, vdo-lhe urna ideia, a ideia salva–
dora, que recomporia tudo.
- bto cura-se com aguardente, excla–
moo ele radiante.
O
cura aprovou.
T rouxentm vários barris de aguar–
dente da aldeia e joana recebeu ordem
de fazer fermentar o rnais depressa pos–
!!lfvd dez ou vinte pondos
(21
e guarapo(a).
-Para isto e o
p<~trio
Afonsito gene·
ro!!lo, comentavam os
camponese~.
- Tem o corac;Ao nas rnAoJ.>, diga-se a
verdade, f'almodiavam as rnulheres.
Entao, como o sumo da piteira levava
dols ou tres dias
1
a ferme••tar, Joana des–
pejou nos pondos baldes cheius de orina,
de carne apodrecida e de velhos sapatos
que tinham perteocido
a
j acinto.
O
telegrafista, cuja infancia tlnha
decorrido na regi!o oriental, alardeava
conhecimentos.
- U
m
pAntano, isto?
V~·se
bem que
voces nao conhecem os do Oriente.
N
e–
les,
nAo merece mesmo a pena tentar
11!
Ooen~
das a!litudes. Apresenta diferen·
tes
~iniO'liAS.
l'l•
Pondo,
Barril de barro em forma de
bilhd de eFtrP:tn I!Hrgslo,
110
quHI se guarda a
Agua ou
a
chicha.
¡,3)
Gur¡rapu
mosto
dn
cana d11 acórar
fer·
mtn1ado. Como a forca e a rllpidu da fermen–
tiC~O s~o
indis¡;ensaveis, r.ada fabricame tem
processos própnos e f:tcretos para activnr a
ferm..niiH;:IIo.
AP.
anll!isea qufmicas feitaa a
pedido
das múnicipalidl!des revelqram na maio·
rilldaavez:es, fortespercentagensdeureill,
A SEPUI:TU R A
DOS
INDI OS
a entrada, do profundos e, sobretodo, es–
tlio povoados de carangoejos. Se, pur des–
grao;a, um b.omem ou um animal la caem
em menos de dez minutos nao restam
dele senao os osso,.; se voces vissem só
at<> pin'<as que os caranguejos térn na
extremidacle das patas
1
Lá, sirn, pode
falar-se de pantanos, mas aqui, nao pas:.a
dum pAntano para
crian~as
1
-E
os
~uschiguschis
{1),
que fazem ?
-Ora! sao inofensivos!
pAn~~~~~~ ~:~e~~ci~:~~cah~f:ri;~~~!~~~~
circulos. concentrios. Quando
A
ndre
entrava na lama sentia-os mexerem-se a
volta das snas pernas até aos jodhos; e
ele nao sabia
já.
se era o frio ou o c.outacto
continuo dos girinos viscosos que pouco
a pouco tornavam as suas pernas insen–
slveis e mortas.
Dois dias ¡:¡penas tinham passado, e
.já. o a\cool realizara o mi\agre que dele
se esperava; tinha sido preciso trazer
outros barcis de agoardente, outros pon–
do'S de guarapo; e continuavarn a trazer
mais. MAs o entu!ó=iasmo devia ser bttbil–
rnente doseado. O que importava regular
era o ponto exacto onde vinham equili–
brar-se a actividadc heróica e
a
embria–
gues mais que a se rni-consciéncia.
Entontecer, mas sem diminuir o ren<li–
mento. Era preciso secar dois quilómetros
de pintano. Da! os cálculos em que j oana
e jacinto se revelavam espertos.
N
enhum
dos estados da embriaguez !hes era estra–
nho. Eles encarregavam-se de apagar a
sede dos labreg..s.
-NAo bebes mais! berrava o j acinto
ao Indio, que ousava aproximar-se dos
pondos, titubeando rnais do que seria
preci~o.
- Tu, to estás muito bebedo! Vai-te
embora, sua mais um pouco 'com a
enxada. e eu te darei outra ra'<ao de
guagf~d~cr~~~~~~a~~~~~
0
p
8
a
0
r:·
junto dos
pa.ntanos a procura do equilibrio neces–
sário para que se mantivesse o seo
embrutecimeuto.
O
paludismo come'<ara a fazer a sua
recolha de arrepios de frio. Mais urna
perda de tempo, lamentava-se o proprie·
tário.
-Ternos mais de cinquenta doentes;
isto e, há mais de vinte ou trinta que
térn sezOes todos os dlas.
O vesgo Rodrignez, cojos conbecl–
mentos eram uni...ersais,
diri~iu-se
para
o pe de u
m
certo número de Indios, que
acocorados no meio dos caotdros, tre–
miam todos.
- Vai-me buscar as peles de carneiro,
gritou ele para o Indio que lhe servla de
assistente; e acrescentou:
- Vi empregar esta receita ern Gual–
lalambA. Santo Deus, o frio que faz lá.
em baixo
1
parece iocrlvel.
E'
ele o cau-,
sador das
doen~as.
O zarolho cobrlu as costas dos palú–
dicos com as peles que lhe apreJ<entara
o seu enfermtiro improvisado. Trazidas
as peles para o exterror, atou-as com nm
eordAo ao pesco'<o e
a
cinta de cada
paciente, e sobre o terrapleno que se
cstendif diante da tenda, formou cm
circulo do qua! ele ocupou o centro.
Entáo, empunhando o chicote, passon ern
revista com o seu olho válido a coroa
trémuJa dos febris e com longos golpes
de chicote, que mais pareciam sér o
proloogamento da sua rnao,
come~ou
a
faze-la rodar em torno de si mesmo.
A
correia cala sobre as peles produzindo
um ruido de tambor a_rrombado, num
{!)
•Bichos·sspos•, llirinos.
u
ritmo bastante precipitado para os Indios
a quem a febre roubara todas as ener–
gías. Rodríguez encolerizou· se:
-Vamos, ::,anto Deusl corram, cor·
ram ...
Mas a febre entorpecia-lhes os mem–
bros e tornava-os pesados. Os iufelizes
arrastavam-se.
-Santo Deus! Entao, o que
é
que se
passa? rugiu o ve!'go. Cuspiu de novo
nas maos, e o seu chicote catu com vigor
redobrado sobre os pallldicos. Uepois de
ter
d~do
bem urna volta completa, eles
cairam uns após outros, cansados e
magoados. O e"tremecimento febril do
principio desaparecen. Mas o curandeiro,
nio se sentindo ainda satisfeito, acelerou
a cadencia dos gol¡>es.
Como~urn
martelo
de ferro, o chicote cala sobre aS espá.dua.s
dos Indios sucumbidos. As suas perna.s
dobravcm·se, tremendo, os pes tremiam
na lama e as miios trerniam tambt:m,
procu_raoc¡io fazer desviar a comprida
correra.
-Corram, Santo Deus
1
Corram
1
Tentaram dar um passo, dois, dcz pas·
sos, depois calrarn.
O
chicote do vesgo
Rodríguez deu-lhes ainda urna vez mals
a coragem de se levantarem e receberem
urna dezena de chicotadas. N!o tinharo
mais
for~a
para gritar.
A
cada cbicotada
os seus olhos esgazeados, de olhares
vltreos, pareciam saltar-lbes das Orbltas,
como se pudessem ainda perseguir' a
vida que se escapava. Estavam agora
definitivamente metidos na lama, sem
Je~rag!::,od:so~Je':n~~r:~:p!~~~~~; ~ee:~:;
e de febre. Entáo, o vesgo apressou-se a
fazé-los conduzir para a tenda e lá envol–
veu-os num poncho e fez-lhes beber ama
bcber~gem
preparada com aguardente,
urina, sal, limAo e um pó felto de
e:r.~o
mentos de cobaias.
-E'
preciso que isto termine o mais
depressa posslvel.
- ls!io e bom de dizer.
N
lo se esqoe'<a
que, nestes pAntanos,
t
preciso apalpar o
terre110 e tomar
mil
precau~Oes
para
avan'<ar um metro, respondeu o enge-
nh~d :eXoerml~~~:~~~r~:~ae~~zP~~;~~~
come'<ar aJ.> escava,oes
a
partir/da mon–
tanha . .•
E'
mentir:i! Poder·St·ia fazer
o
m golpe paralelo a vinte o
u
trinta metros
docaminbo,e ter-se-ia economizado tempo
e traballi.o. Repito-lhe que e preciso aca·
barmos com isto o rnais depressa possl·
ve!. lsto torna-se um verdadeiro pesadelo
para rnim.
E
depois, santo Deos! pAntano
~~;:~ ~:~~~~:¡• ~:Í~d1~~
fensa o Seohor
- E
depois? interessa-lhe t-:xtinf!ulr
o
pAntano, eochendo-o de cadáveres ?
-
Nós-ganbarhur.oscom isso: tempo
e trabalb.o.
1
-Apesar de todo
e
visto que o Senbor
parece dtcldido a nao recuar dlante da
perda duma centena de labregos aglre–
mos st-gundo a sua vontade.
-Mas, espere, náo perderemos
mesmo um só labre!'!,o. Náo
bá
remedio
para tudo? Faremos vir os
lma.•;Cfls(lt
da
fazenda e quaodo algum se esuver a
efuodar,
lao~amos-lhe
o
lt~(o.
- lsso nao dA
resultado.Seescl'lparern
de se afondar na areia
movedl~a,
morre–
rao puxados pelo
hua•Ca.
- Nada
di~so.
Bastará fazer
avan~ar
o mais perlo P,Osslvel os
lm••·queros
(~).
-De qualquer das maoeiras, será u
m
homem perdido. Pode suceder que ele.s
morram todos nos huracos. Quer tentar a
experiencia? Hoje mes
m
o, poderei dar–
·lhes a prova real do que afirmo.
(1)
E~Jit~cie
de
IBCOB,
t\11 Os que \qncam os
hllOsca.f.