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eoas dores de costas; o

Jo,~

Santiana,

tecello, que lora espii\o em Quilo, mas

vohou pe¡.aroso para a atdeia, ende mio

N

e

l"abia de urna

c~rta

histOria com

11

cozi–

nbdra

do

~enhor

intendente;

Comcham–

bay, o M1meta, que, quando do famoso

processo das Aguas na aldeia, ousou

11frnntar os

soldados,

que

tlnham vindo

ddender o palrlio, e que devia a alcunha

ao seu HCto

de

coragem;

Amador,

o coxo,

que !azia de

paddro;

os irm:ios Huata,

com a sua reput;u;:ao de intelectuais.

- Quem mais ?lnsistia o proprietárlo.

-A'

nossa

l'aude, re"ponderam o cura

e o Jaciuto, sem se lembrarem de mais

nemes.

·

- A ?.Jicbe com a sua ninhada de

npaz.itos.

-U homem dos olhos azuis com a

sua mulher e o seu cunhado, que trouxe

as mercadorias da terra alta.

-.1::

depois?

-o

avo joio.

- 05

Jadios do qaartelrJo da Cal·

tahuoao.

- Santo Dens!

E

quem m11is? incistia

o proprictário, com um pouco mais de

in

paciencia na voz.

-Os rapazes da escoJa.

-

:-.1lo

é

:,ulicieate, gd tou nom

Afon~o

e deu tal murro na mesa que

a

garrofa

vazla tombou. O gnto nssustou o repre·

&t:ntantc de Deus e o da

Lei

que tinbam

pusado toda a sua gente em rc\'ista.

- Náo

t

suficiente, Santo

Otus 1

1

epe–

tlu o patrán com ar fc.-roz. Os dois homeus

~fe~~i~~n~:;;a~.

sorrir para acalmar

a

- Os Indios, arriscou o camponéa•••

-Preciso de outros !, •.

O siléncio que se

s~gulu

nio

ap~gou

o susto que

a

cólera do patrio fizera

nucer no

cora~Ao

dos doi:o; comp11nheiros.

Muito pelo contrflrio,

a

vela, com peque·

nas

crepita~,:Ocs,

punba nos olhos vltreos

de

Dom

Afonso reflc:ooos metálicos. 1\ pro–

xlmou o rosto da mesa

a

f1m de fon;ar

de n1ais perto

a

estupidez dos seus acó–

litos, iocapazcs de discernir que fllltava

ainda a lista interminável de escravos

que se arrojariam voluntariamente para

cavar os taludes, secar os pa.otanoa,

quebrar as rocbas, fazer

avan~ar

a

forc¡:a

de traba!bo urna estrad11 que o próprio

govtrno uao tivera

a

forc¡:a de tnu;:ar.

-Quem?- resmungou

t:lc

em voz

bai:o;a como um hipnotizador fatigado.

Cansado de brincar com o silencio,

estalou de riso com grande desespero

dvs dol11 homens.

-Ah.,, Ah... Ah ..•

E

vó.!l o4o con–

tal& convoseo? Qoe tipos estes

!.. ,

- Mas ceruamente.

- Naturóilmente, nós estaremo11

A.

cabec:a.

1<.' o que ea queria ouvlr da vossa

boca, b11lbuciott o proprieU.rio num arde

triunfo e elevando a garrafa

b.

altura dos

olbos, perguotou ao campones:

-

J·.ntao, uiio ba mais?

-Os tre5 litros acabaram.

- Oh l mas eu ainda tcnho sede !

va,

monta na mluha mula, que esta lá (ora,

e vai

A

fazenda. Diz ao Policarpo que me

en

vi

e uroa das garrafas que se

c~acontram

DO

aparador da sala de jantar.

-&m,

eu. vou deprea...

- Preelsava de velar pelos aeua pró--

~~~~~¡J~d~:e~~;ira;:.~05e%dp~e su~ir~

nao era dos que faziam qut:s tc\o por

una sucres a mais

ou a

menos. Mas agora

..acrja outro. Tornara-se om homem de

negócios, uro homem cbeio de iniciativa

:re

sabia realc¡:ar o seu valor em mattria

n~ :W~~~!~~rf~ ~~~;n~sq~aa~~t~s~

0

~~

8

c~~

apressar os

trabalhos de propaganda

para a finta, podia-ae observar, atraves

A SEPULTURA DOS INDIO S

dos

i"C:'CI.S

olhos profoodos e pertlpicarce,

a

esperan~ta

de grande¡¡

realiza~Oes.

Aqui!o a que ele chamava o seu q>lano

de

n:constru~~o

de urna falf.flia em vés–

peras de realizar o seu equilibrio:-, pKre·

cia-lhe magnifico. Por enquauto,1ratav1!.-!1e

de semear t"do o terren(l, trabHihando

das cinco horas da

1m:~ohá

/l.s 1>eis

da

tarde e, se

a

colheita fosse boa, lrvé.-la

integralmente

A

cid~tde.

Assim poderia

)~f¡~r

e

u,~:na~~;!est:ios~~ti~~"i:aef~~ti~~

do negócio que se projectava .. .

Montados nas auu

mula~.

o patr!o

e

o admini:o;trador

~;e¡:::uiam

pelo caminho

que conduzia

a

cidade e conversavam

sobre as próximas sementeiras.

- E'

preciso que saibas qut>, quando

eo voltar, quero encontrar todas as encos–

tas perfdtamente lavradas.

- Mas Oi'i bois nil.o podem avanc;ar

sobre os declives das

encost~c::,¡>ntriio.

- E

u •ei. o terreno

t

rude

e

o declive

é

duro.

E'

preciso meter al os Indios com

enxadO~s

e

f~ze-los

cavar o

mais

fundo

que purlerem.

- E'

que, oeste momento, eo tenbo

grande necessidade dos Indios para lim·

parem o Jeito do rio.

-lss

o é

um trilbalho para se fnzer

quando

n.Ao

houver m11is nenhum. Ver–

·se·li lsso

m

ais

ta.rde. Depois das semen–

teira!>.

- Mn!'l

se se demora.• ,

-

Já te db!le,agora cava-se,"emeil'l-se

e o resto virá depois.

Eu

nc\o ficarei

senio uns quinze dias na cidade, parA

regular a

quest~o

dos engeuheiros que

devem vir traiOar o caminho.

1=:,

no meu

regresso, quero encontrar os declives

lavrados.

- Oic;a, patrOo.

N.Ao

,;eria preferfvel

utilizar o terreno do vale?

-Qua! terreno? Para obter urna

colheita

til.o miserável como a do

11110

pasl<ado? !::u tenho necessidade do dobro.

O

p11tni.o

tomou um

tom confiden–

cial

e

colocou

a

mll.o por cima dos sobro·

lhos:

- Dividas, tenbo-as até aqui.., Estes

Indios imundo5

e~

tao-se apropriando com

os seus buasipungos dos terrenos mAis

fértds das duas margens.

~!a'l,

Santo

Deus, tu

ouvi~:ote

o que eu lhts dlst>e:

cPara o próximo ano, vós desobstruireis

todos os terrenos e

irels construir

ae

\'ossas cabanas na flort·sta. Lá há ter·

reno demais . .•

»

Eles

dizem que eu sou

o seu papá, que eu sou a sua mamá...

Por quem se tomam estes Indios imuo·

dos?

-Isso é'dlffcil de obter, patrio. O faJe.

cido patr3.o ve\ho tarnbt.m quis faze.Jos

mudar

e

os selvagens tentaram matá-lo.

NAo devemos arrebatar-lb!!& as tercas,

dizem eles.

A

lndi,~tnAc¡Jo

de Dom Alonso ere5eea.

Nao ignorava o peri¡z:o que·representava

a

opera<;:l\o exigida dele pelos estrangei·

ros, mas sabia tarnbt.m, olhando o plls–

sado, que

a

sua vontade em lace dos

Indio·, era omnipotente. [a ideia de que

um

dla poderia ser vencido pela re!lis·

té:ncia deles fez-lbe subir o saague

l

cabec;a.

- Ah! caramba

1

Comigo, i58o nao ae

pas!'Ará assim,

Sim, mas como ha\·er-se?

O

adminiJ>trador nAo parecia coatra–

dizer a sua acc¡:il.o.

Hruscameate,

a

soloc¡:ii.o apareeeo·lhc,

a

dnic:a :

-Santo Deu¡¡! Encontrel: tn olio tens

k~~ ~~er{~z~~ C~"!~r~~i~ !s~~!i?b~d:

nou com voz categó ricll.

E,

a'isim,

todos os problemas seráo resolvidos dum

golpe, os meus, os dos estraugeiros,

todos . .•

N3o tinba mais ordena

a

dar. Despe–

diu-se de Policarpo coro um aceno e pOs

a su

a

montada a trote para ac\o atravessar

muito tarde o pAntano.

Os irmllos RaatR, !IOb 1111 ordena do cara

patrdo, organ1zararn um comité patdótico

para os trab11\hos

(1)

da ef'trada.

As reuniót:s tinham

Ju¡z:~r

todas as

tArdes na casa

contl~ua

h

lojKde j Acinto.

Tinha-se con!leguido cntui!'i.tsmar

a

popu·

lac¡:ao, tocahdo

n

corda do p:¡u·iotismo e

fa>zendo re\'iver as velhas rivalidades com

a aldeia vizinha.

Por outro lado, as distribuic¡:Oec; de

vinbo que a auembleia organizava de

tempos a tempo-., conlribuiam fortemente

para o preMfgio que a rodt:ava- e os

cAmponeses aconlam em wassa com

as

!Uas

economias.

Quase sempr

e se abr

ia

n

sessáo com

a garrafa que os

irmil.o

s Ruata e o Jacinto

punham em

ac~:'i.o.

O r

esto viuha p r

si.

Gritos, vivas, discursos, projectos murros,

as

garrafas voavam

e

separa\•am-se As

tres oo quatro horHs da m&nhá.

. O cura, pregava aos fieis depois da

WISSa.

-Por cada ennd1da dada para esta

grande obra, ser·\'OS·áo

concedido~

cem

días de indulgl'!ncia. O

1

ivino Senho-r

sorrirá por cada metro de estrada con–

quistada e

Jan~ará

as suas

ben~iios

sobre

a

aldt:ia.

Os

a!lsh;terlte<~,

a maior parte Indios,

eobcrtos de sujidnde, de

piulbo~

e de

f~rrnpos, comoviam-~oe

att

A

medula dos

ossos imaginando o ,:orrho oo

J,,.,,,

U/fJS,

Náo era

m

metros o que ele.!l fariam, mas

quilómetros, e a.ssiu1 o Bom Deus poderia

rir a bandeiru desl)regaJas.

Geralmente, para o fim do serwáo, o

pad~e~o~:i~:e~r~

J?:::H

P~r~n~~~~;

algu01

dlas antes da ft"st{l da Virgem. Para a

abertur~

dos trabalhos, Dom Isidoro s

á.

o doador da mis..a •de aco;i'lo de gr¡¡.;as

pela aldeia. Uma ft!sta soleoe, por meio

~jui~~a~~~~~~= f¡~~ir:mg~~~: ~e:ss ~e~~~~=

que vos

~<judan\o

nt'fi,la obra de titans.

U

Caba•cango da

mar~em

do rio será o

doador para a grandC:,festa de

ac~ao

de

gra~as

que celebraremos quando

a

~trad•

estiver termiuada.

Urna manhá, a a\deía ncordoa

eom

vontade de fazer grandes coisas.

Das seis

As

sete hora?<,

celebrav;~.se

urna missa de cem sucrc¡;, com a mdsica

da aldeia. As mullieres traziam blusas

nova~,

os

campont:~es

o

.9oncho de ceri–

mónia, os Indios esta\'am revrstidos dos

aeus belos hábitos dA fc:stn

~o

Corpo de

Deus e os guaguas, masearados de anJos,

desralecillm 1>ob o peso das asAs de Jata.

O incenso, em

profu~oaco,

pétalas de flores

aos milhares e o compndo sermao, tor–

navam irrespirável o arda igreja.

A

's

oito horas, por todas as ru11s que

davam para a

pra~a.

chegavam os Indios

~a~~ c:m:r~~~seest!J;;,cn¡oa"~,;~~asrf:r9~:

vendedores e dos compradores ia sumen.

tanda oo meio de uwa

dao~a

estouteaa&e

decores.

- Tenbo aqui batatas.

- Tenho aqui mllho.

=

J:;::.:1~,

1

~:~~et

um

bom

frepee.

- Veja estas lindns t atatas.

-

~lt:u

amigo, está coucluJdo.

-Preve.

- Seubora, eu fa<;:o boa medida.

Os

que vendiam gritavnm, os que ofe–

reciam gritavam, os que comprav¡¡m gri·

tavam.

,.

Gritavam as cores vlvaA dos pon·chos

e as dos ehailes

e

das faixas. O sol sol·

lava um grito que fatigava.

111

Con11t:m

n11o U (Jueur que

no

re$!ime

.oci~l

dos

Indio.,

o ltabilho f¡¡x·se

~m

ogmum.